O QUE É LUZ AZUL?
A luz azul é uma parte do espectro de luz visível que é percebida pelo olho humano como azul. Ela está entre as ondas de luz com maior energia no espectro visível. Devido à sua alta energia, a luz azul tem características únicas que afetam tanto o nosso ambiente quanto a nossa saúde de maneiras distintas.
A principal fonte natural de luz azul é o sol. Durante o dia, a luz solar emite luz visível, ultravioleta e infravermelha, incluindo amplas quantidades de luz azul.
Além das fontes naturais, também existem as fontes artificiais de luz azul, dispositivos eletrônicos emitem altos níveis de luz azul. Lâmpadas fluorescentes e de LED também são fontes consideráveis de luz azul artificial.
A luz azul tem um papel duplo em nossas vidas. Durante o dia, ela é muito útil, mas à noite devemos ter cuidado e limites.
Durante o dia a luz azul nos ajuda a ficar acordados e alertas. Ela faz nosso corpo entender que é hora de estar ativo, nos ajuda a focar e até melhora nosso humor. Ela é uma parte natural do dia que nos ajuda a seguir o ritmo da natureza.
Já no período da noite nosso corpo espera que seja um tempo sem luz azul para que possamos descansar. Quando usamos celulares ou computadores à noite, a luz azul desses aparelhos pode fazer nosso corpo pensar que ainda é dia. Isso pode tornar mais difícil dormir porque nosso corpo para de se preparar para o descanso.
De acordo com a Harvard Medical School (Escola de medicina da faculdade de Harvard, nos Estados Unidos) a exposição à luz, mesmo se for fraca, reduz a produção de melatonina, um hormônio que influencia nosso ciclo circadiano.
QUAIS SÃO OS SEUS BENEFÍCIOS?
A luz azul, apesar de ser mencionada muitas vezes de forma negativa, carrega uma série de benefícios significativos que são fundamentais para a nossa saúde e bem-estar diários. Intrinsecamente ligada ao espectro de luz visível que recebemos do sol, a luz azul é uma poderosa força reguladora do nosso ciclo circadiano, o relógio biológico interno que determina os ritmos de sono e vigília, influenciando diretamente nossa energia, humor e eficiência ao longo do dia.
Durante o dia, a exposição à luz azul desempenha um papel importantíssimo nos ajudando a manter alerta e focados, promovendo um estado de vigilância que nos permite realizar nossas atividades com maior eficácia e disposição. Essa exposição estimula a produção de certos neurotransmissores que melhoram o humor e a atenção, ajudando a combater a sonolência diurna e a aumentar a produtividade. Além disso, como mencionado anteriormente, a luz azul é essencial para a manutenção de um ciclo circadiano saudável, ajudando nosso corpo a diferenciar claramente entre o dia e a noite, o que é crucial para um sono reparador e de qualidade.
A luz azul também influencia positivamente a saúde psicológica, combatendo a desordem afetiva sazonal (DAS), uma condição relacionada à redução da exposição à luz solar durante os meses de inverno. Terapias de luz que emitem uma quantidade significativa de luz azul demonstraram ser eficazes na melhora do humor e na redução dos sintomas da DAS, reforçando o papel terapêutico da luz azul.
Como sempre, a moderação é chave. Enquanto a exposição à luz azul é benéfica durante o dia, é essencial limitar essa exposição à noite para evitar perturbações no ciclo do sono.
LUZ AZUL E SAÚDE OCULAR
Conforme o aumento do uso de dispositivos eletrônicos, especialistas tem se preocupado cada vez mais com a saúde ocular da população. Essa preocupação surge devido à energia mais elevada que a luz azul possui, o que teoricamente poderia levar a danos nos tecidos oculares após exposição prolongada.
Pesquisas têm investigado como a exposição prolongada e direta à luz azul de alta intensidade pode afetar a retina, a parte do olho responsável por captar a luz e transformá-la em sinais visuais que o nosso cérebro pode interpretar. Algumas evidências sugerem que a exposição extrema a luz azul pode contribuir para o estresse oxidativo nos tecidos oculares, potencialmente acelerando condições como a degeneração macular, uma das principais causas de perda de visão em idades avançadas. No entanto, é importante notar que a luz azul emitida por dispositivos eletrônicos é consideravelmente menos intensa do que a luz azul direta do sol, e a pesquisa atual ainda não estabeleceu uma conexão direta e clara entre o uso habitual de dispositivos e danos significativos à saúde ocular a longo prazo.
Mais comum do que danos à retina é a síndrome da visão de computador ou fadiga ocular digital, uma condição temporária resultante do uso prolongado de telas. Os sintomas incluem olhos secos, irritação, dificuldade de focar, e dores de cabeça, muitas vezes exacerbados pela exposição à luz azul. A luz azul contribui para essa condição porque tem um comprimento de onda mais curto, o que significa que ela “pisca” mais frequentemente. Isso pode reduzir o contraste visual e levar a uma maior tensão ocular.
Para mitigar os efeitos potenciais da luz azul sobre a saúde ocular, recomenda-se a adoção de práticas como seguir a regra 20-20-20: a cada 20 minutos passados olhando para uma tela, olhe para algo que esteja a aproximadamente 6 metros de distância por 20 segundos. Além disso, o uso de filtros de luz azul nas telas de dispositivos e o ajuste do brilho e contraste para níveis confortáveis podem ajudar a reduzir a fadiga ocular. Óculos com lentes que bloqueiam a luz azul também se tornaram populares como uma medida preventiva.
Apesar das preocupações, é crucial reconhecer que a luz azul faz parte do nosso ambiente e tem papéis importantes na regulação de nossos ciclos de sono-vigília e no bem-estar geral. Como tal, o objetivo não deve ser eliminar a exposição à luz azul, mas sim gerenciá-la de forma que maximize seus benefícios enquanto minimiza riscos potenciais, especialmente à noite, quando a preparação para um sono reparador deve ser uma prioridade.
ESTUDOS
Um estudo de 2018 buscou investigar se usar óculos com lentes que bloqueiam a luz azul (de cor âmbar) antes de dormir poderia melhorar o sono de pessoas com insônia. O estudo envolveu 14 participantes que tinham dificuldade para dormir. Eles foram divididos em dois grupos de forma aleatória: um grupo usou óculos com lentes âmbar e o outro, óculos com lentes transparentes (placebo), por duas horas antes de dormir durante sete noites seguidas. Após um intervalo de quatro semanas, os grupos foram trocados.
Os pesquisadores avaliaram o sono dos participantes de várias maneiras: eles responderam a um questionário sobre insônia, mantiveram um diário do sono e foram monitorados com um dispositivo de actigrafia, que mede o movimento e pode indicar padrões de sono.
Os resultados mostraram que, comparando os períodos em que usaram lentes âmbar com os períodos em que usaram lentes transparentes, os participantes tiveram melhorias significativas em várias medidas de sono. Eles relataram dormir melhor e sentir menos angústia relacionada ao sono. Além disso, medidas objetivas, como o tempo total de sono medido pela actigrafia, também foram melhores com as lentes âmbar. Isso sugere que usar óculos que bloqueiam a luz azul antes de dormir pode ser uma estratégia eficaz para melhorar o sono de pessoas com insônia. (1)