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VISÃO GERAL

O intestino é um órgão em formato de tubo, que pode atingir até 9 metros de comprimento. Ele permite a passagem dos alimentos digeridos, facilitando a absorção de nutrientes e a eliminação dos resíduos.

Pesquisas e a relação entre doenças autoimunes e o intestino. 

As fibras desempenham um papel crucial na saúde intestinal e são fundamentais para o bom funcionamento do intestino. A relação entre as fibras e o intestino está diretamente ligada à digestão, absorção de nutrientes, saúde da microbiota intestinal e prevenção de problemas intestinais.

INTESTINO E SUA IMPORTÂNCIA

Cuidar da saúde intestinal tem uma importância muito maior do que a maioria das pessoas imagina. Isso porque, nosso intestino é considerado o nosso segundo cérebro, realizando tarefas ligadas não só à nutrição, mas também às defesas do organismo, promovendo saúde física e mental.

Sua importância decorre da sua ligação com a saúde do organismo como um todo. Um dos principais destaques é a função do microbioma (bactérias, fungos, vírus e leveduras que moram dentro do intestino), também conhecido como flora intestinal, no corpo.

Os microbiomas também interagem de maneiras complexas com o cérebro. Por exemplo, eles podem produzir compostos que afetam a função cerebral e podem influenciar o humor e o comportamento. O termo “eixo intestino-cérebro” é frequentemente usado para descrever a comunicação entre o intestino e o cérebro, que ocorre tanto por meio de vias neurais quanto de vias hormonais e imunológicas.

Uma dieta rica em fibras alimentares pode promover uma flora intestinal diversificada e saudável, enquanto uma dieta rica em gorduras saturadas e açúcares simples pode levar a uma microbiota menos diversificada e potencialmente prejudicial.

Além disso, o intestino é um importante órgão endócrino (que produz hormônios) capaz de funcionar independentemente das “ordens” do cérebro, já que ele possui o seu próprio sistema nervoso. Chama-se sistema nervoso entérico, composto por diversos neurônios e neurotransmissores que coordenam todos os processos digestivos, fazendo com que a digestão aconteça.

Algumas das suas contribuições:

Produção de vitaminas: As bactérias são fundamentais para a produção de determinadas vitaminas, como a K2 (que atua na fixação do cálcio nos ossos) e o complexo B.

Ajuda no bom funcionamento do cérebro: 90% do triptofano é sintetizado no intestino. Esse aminoácido é utilizado pelo cérebro na produção de diversos neurotransmissores, entre eles a serotonina. Uma das alterações bioquímicas da ansiedade e da depressão é a redução da produção da serotonina, por esse e outros motivos, o intestino é tão importante para a saúde do cérebro.

Cuidar do sistema imunológico: Cerca de 70% das imunoglobulinas existentes no corpo são produzidas no intestino, assim como as proteínas de defesa. 

Sem cuidar da saúde intestinal, ficamos mais suscetíveis a baixa imunidade, infecções, resfriados, diarreia, gases, queimação e mal-estar físico e emocional. E isso são só alguns dos problemas a curto prazo. A longo prazo, as chances de desenvolver problemas de saúde mais sérios, como síndrome do intestino irritável ou doenças do cérebro, aumentam.

ESTUDOS

Estudos têm sido feitos para compreender ainda mais a importância do intestino, um deles (1) examinou o papel da microbiota intestinal na saúde e nas doenças. Ele foi publicado na revista Physiological Reviews, uma renomada publicação científica.

Nesse estudo, os autores discutem os avanços recentes na compreensão da composição e função da microbiota intestinal, bem como seu impacto em uma ampla variedade de condições de saúde e doenças. 

Ou também o “The Gut Microbiota and Its Role in the Development of Allergic Disease: A Wider Perspective” que abordou a relação entre a microbiota intestinal e o desenvolvimento de doenças alérgicas. (2)

Nesses estudos os pesquisadores revisaram as principais funções desempenhadas pela microbiota intestinal, como a fermentação de carboidratos não digeríveis, a produção de vitaminas (como a vitamina K e algumas vitaminas do complexo B), a metabolização de compostos bioativos e a competição com microrganismos patogênicos. 

Eles também discutiram a relação entre a microbiota intestinal e uma série de doenças, incluindo doenças inflamatórias intestinais (como a doença de Crohn e a colite ulcerativa), obesidade, distúrbios metabólicos (como diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares), distúrbios neuropsiquiátricos (como a depressão e a ansiedade) e até mesmo condições relacionadas ao envelhecimento.

Além de também exploraram como a composição e a função da microbiota intestinal podem influenciar o sistema imunológico e desempenhar um papel importante no desenvolvimento de doenças alérgicas, como asma, rinite alérgica, dermatite atópica e alergias alimentares.

A microbiota intestinal está envolvida na produção de metabólitos que podem influenciar a resposta inflamatória e a tolerância imunológica. Por exemplo, certas espécies bacterianas podem produzir ácidos graxos de cadeia curta que têm efeitos anti-inflamatórios e podem modular a função das células imunológicas.

Os pesquisadores também exploram a influência do microbioma intestinal no desenvolvimento de alergias alimentares. Evidências indicam que a composição bacteriana intestinal pode afetar a tolerância oral a certos alimentos, influenciando a permeabilidade intestinal, a resposta inflamatória e a produção de anticorpos relacionados às alergias.

INTESTINO E DOENÇAS AUTOIMUNE

Pesquisas recentes têm até mesmo tentado achar uma relação entre doenças autoimunes e o intestino. 

Existem mais de 80 doenças autoimunes nas quais o corpo se volta contra si mesmo. Em resposta a um gatilho desconhecido, o sistema imunológico começa a produzir anticorpos que, em vez de combater infecções, atacam os próprios tecidos do corpo. 

Em recente estudo, financiado pelo Departamento de Defesa dos EUA e pela National Multiple Sclerosis Society, pesquisadores da Mayo Clinic e da Universidade de Iowa concluíram que o micróbio intestinal humano pode ajudar a tratar doenças autoimunes, como a esclerose múltipla. (3)

“Esta é uma descoberta precoce, mas um caminho que requer estudos mais aprofundados. Se pudermos usar os micróbios que já existem no corpo humano para tratar doenças além do próprio intestino, podemos entrar em uma nova era da medicina.

Disse o Dr. Joseph Murray, gastroenterologista da Mayo Clinic e autor sênior do artigo. 

A equipe de pesquisa testou amostras microbianas intestinais de pacientes em um modelo de camundongo com esclerose múltipla (EM).

Eles descobriram que um micróbio, prevotella histicola , causava uma diminuição em dois tipos de células pró-inflamatórias enquanto aumentava as famílias de células que combatem doenças. Os pesquisadores concluíram que esse tipo de micróbio intestinal pode desempenhar um papel no tratamento da EM. Na esclerose múltipla, o sistema imunológico ataca a bainha de mielina, um isolamento natural que cobre os nervos do cérebro e da medula espinhal.

A esperança para os estudos do microbioma na esclerose múltipla é que, em última análise, os pesquisadores identifiquem anormalidades do microbioma que podem estar conduzindo a atividade ou suscetibilidade da esclerose múltipla, e a partir disso espera-se que terapias probióticas possam ser desenvolvidas para tratar ou possivelmente prevenir a esclerose múltipla”.

Douglas S. Landsman, PhD, vice-presidente associado de pesquisa biomédica da National Multiple Sclerosis Society, disse à HealthLine.

Landsman diz que, graças à luz dessa evidência emergente, a MS Society agora está financiando o International MS Microbiome Study (iMSMS). O iMSMS é um consórcio de pesquisa envolvendo cientistas dos Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha e Argentina.

O iMSMS coletará amostras de sangue e fezes de 4.000 participantes para catalogar populações de microbiota individuais para determinar quais espécies são protetoras, neutras e/ou de alto risco.

As informações obtidas com este estudo ajudarão os pesquisadores a testar a possibilidade de manipular a microbiota intestinal para alterar o curso da EM e de outros distúrbios relacionados ao sistema imunológico.

Existem diversos alimentos que são importantes para a saúde do intestino. Eles fornecem nutrientes essenciais, fibras alimentares e compostos bioativos que promovem o bom funcionamento intestinal. 

FIBRAS E SUA IMPORTÂNCIA

As fibras desempenham um papel crucial na saúde intestinal e são fundamentais para o bom funcionamento do intestino. A relação entre as fibras e o intestino está diretamente ligada à digestão, absorção de nutrientes, saúde da microbiota intestinal e prevenção de problemas intestinais.

As fibras alimentares são um tipo de carboidrato que não é digerido pelas enzimas do nosso sistema digestivo. Elas são encontradas principalmente em alimentos de origem vegetal, como frutas, legumes, grãos integrais, leguminosas e sementes. Existem dois tipos principais de fibras: solúveis e insolúveis.

Fibra Solúvel: A fibra solúvel se dissolve facilmente na água e é dividida em uma substância semelhante a um gel na parte do intestino conhecida como o cólon. Pode ajudar a diminuir os níveis de colesterol e de glicose no sangue. Alguns exemplos de alimentos ricos em fibra solúvel incluem aveia, feijões, ervilhas, maçãs, cítricos, cenouras, cevada e psyllium.

Além disso, as fibras solúveis ajudam a prevenir a prisão de ventre, pois absorvem água para as fezes, hidratando-as e tornando-as mais macias, facilitando sua passagem pelo intestino e a evacuação.

Fibra Insolúvel: A fibra insolúvel, por outro lado, promove o movimento do material através do sistema digestivo e aumenta o volume das fezes, sendo benéfica para aqueles que lutam contra a constipação ou fezes irregulares. Alimentos ricos em fibra insolúvel incluem trigo integral, grãos integrais, vegetais de raiz, couve-flor, feijão verde e batatas.

As dietas ricas em fibras estão associadas a menores riscos de várias condições de saúde, incluindo doenças cardíacas, diabetes tipo 2 e certos tipos de câncer.

Elas têm diversos papéis importantes no nosso organismo, como por exemplo: 

Digestão e absorção: As fibras alimentares podem ajudar a regular a velocidade de digestão e a absorção de nutrientes. Ao retardar a digestão, as fibras podem ajudar a prevenir picos de açúcar no sangue após as refeições, contribuindo para um melhor controle glicêmico, o que é especialmente útil para pessoas com diabetes.

Saciedade: As fibras alimentares contribuem para a sensação de saciedade, o que pode ajudar no controle do peso. Como as fibras são digeridas mais lentamente, elas podem fazer com que você se sinta “cheio” por mais tempo, diminuindo a tentação de comer lanches pouco saudáveis entre as refeições.

Saúde intestinal: As fibras insolúveis ajudam a adicionar volume às fezes e facilitam a passagem através do sistema digestivo, ajudando a prevenir a constipação. Além disso, algumas fibras alimentares (conhecidas como fibras prebióticas) podem ser fermentadas pelas bactérias benéficas no intestino, ajudando a promover um microbioma intestinal saudável. Isso pode ter vários benefícios à saúde, desde a melhora da função imunológica até possivelmente afetar o humor e o comportamento.

ESTUDOS

CONSUMO DE FIBRAS E DIABETES

O “Dietary Fiber, Whole Grains, and Risk of Type 2 Diabetes: A Systematic Review and Dose-Response Meta-analysis of Prospective Studies” (2013), é um estudo que investigou a relação entre a ingestão de fibras e o risco de desenvolver diabetes tipo 2. (4)

Neste estudo, os pesquisadores realizaram uma revisão sistemática e uma meta-análise de estudos prospectivos para avaliar a associação entre a ingestão de fibras alimentares e o risco de diabetes tipo 2. Eles também examinaram especificamente a ingestão de grãos integrais, uma importante fonte de fibras na dieta.

Os pesquisadores identificaram um total de 18 estudos prospectivos, que envolveram mais de 20.000 casos de diabetes tipo 2. A meta-análise dos dados desses estudos revelou uma associação inversa significativa entre a ingestão de fibras alimentares e o risco de diabetes tipo 2. Ou seja, uma maior ingestão de fibras foi associada a um menor risco de desenvolver a doença.

Além disso, os pesquisadores também analisaram a relação entre a ingestão de grãos integrais e o risco de diabetes tipo 2. Eles descobriram que uma maior ingestão de grãos integrais estava fortemente associada a um menor risco de diabetes. Esse efeito protetor pode ser atribuído não apenas à quantidade de fibras nos grãos integrais, mas também a outros nutrientes e compostos bioativos presentes nesses alimentos.

Em conclusão, o estudo demonstrou que a ingestão adequada de fibras alimentares e grãos integrais está associada a um menor risco de desenvolver diabetes tipo 2. Incluir alimentos ricos em fibras, como grãos integrais, legumes, frutas e vegetais, na dieta diária pode ser uma estratégia valiosa na prevenção e no controle do diabetes. Acredita-se que as fibras alimentares ajudam a controlar os níveis de glicose no sangue, reduzindo a resposta glicêmica dos alimentos e melhorando a sensibilidade à insulina.

SISTEMA CARDIOVASCULAR

Também existem pesquisas acerca da relevância das fibras para o sistema cardiovascular, um estudo realizado (5), os pesquisadores investigaram a relação entre a ingestão de fibras e a pressão arterial.

Neste estudo, os pesquisadores analisaram dados da Terceira Pesquisa Nacional de Exame de Saúde e Nutrição (NHANES III), que é um estudo representativo da população adulta dos Estados Unidos. Eles examinaram a ingestão de fibras totais, fibras insolúveis e fibras solúveis em relação à pressão arterial.

Os resultados do estudo mostraram uma associação inversa entre a ingestão de fibras totais e fibras insolúveis e a pressão arterial. Ou seja, indivíduos que consumiram maiores quantidades de fibras totais e fibras insolúveis apresentaram uma redução significativa tanto na pressão arterial sistólica quanto na diastólica.

Esses achados sugerem que uma maior ingestão de fibras alimentares, especialmente fibras insolúveis, pode estar associada a uma redução na pressão arterial. Acredita-se que as fibras insolúveis possam exercer efeitos benéficos na pressão arterial através de mecanismos como a melhora da função endotelial, a redução da resistência vascular periférica e o aumento da produção de óxido nítrico, que promove a dilatação dos vasos sanguíneos.

É importante ressaltar que a pressão arterial elevada (hipertensão) é um fator de risco significativo para doenças cardiovasculares, como doença cardíaca coronariana e acidente vascular cerebral. Portanto, a redução da pressão arterial através de intervenções dietéticas, como o aumento da ingestão de fibras, pode ter efeitos benéficos na saúde cardiovascular.

É importante destacar que a pressão arterial também é influenciada por vários fatores, incluindo dieta, atividade física, genética e outros hábitos de vida. Além disso, cada indivíduo pode ter diferentes necessidades e tolerância às fibras. Portanto, é sempre recomendado buscar orientação de um profissional de saúde para obter recomendações personalizadas sobre a dieta e o estilo de vida adequados para a pressão arterial saudável.

CONCLUSÕES

Para obter os benefícios das fibras, é importante incorporá-las à sua dieta de forma equilibrada e progressiva. Aumentar a ingestão de fibra muito rapidamente pode causar desconforto gastrointestinal, como inchaço e gases. Além disso, é importante beber bastante água quando se consome uma dieta rica em fibras, pois a água ajuda as fibras a passar pelo sistema digestivo.

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