ÔMEGA 3 INFANTIL: O GUIA COMPLETO PARA O DESENVOLVIMENTO SAUDÁVEL DO SEU FILHO
Nos primeiros mil dias de vida, o cérebro de uma criança se desenvolve a uma velocidade que nunca mais será repetida. Quase 70% da estrutura cerebral do seu filho se forma nos três primeiros anos, uma janela de oportunidade única.
Durante essa fase de construção intensa, um nutriente age como o principal tijolo para o desenvolvimento neurológico: o ômega 3, especificamente o DHA.
Este guia completo foi criado para explicar de forma clara o que é o ômega 3, por que ele é tão importante nas fases cruciais da infância, quais as quantidades recomendadas e como você pode garantir que seu filho receba o suficiente para um desenvolvimento saudável e pleno.
O QUE É ÔMEGA 3?
Entenda o Papel do DHA, EPA e ALA
Os ácidos graxos ômega 3 são um tipo de gordura poli-insaturada essencial para a saúde, mas que nosso corpo não consegue produzir em quantidades suficientes. Por isso, precisam ser obtidos através da alimentação ou suplementação. Existem três tipos principais: (1)
- DHA (ácido docosahexaenoico): É o principal astro quando falamos de desenvolvimento infantil. Pense no DHA como a argamassa que conecta os tijolos do cérebro (os neurônios) e o principal material de construção da retina. Sem ele, as estruturas não são tão sólidas e a comunicação não é tão eficiente. Para se ter uma ideia, cerca de 15% do cérebro de um bebê é composto por DHA.
- EPA (ácido eicosapentaenoico): Este tipo de ômega 3 é mais conhecido por suas potentes propriedades anti-inflamatórias, que ajudam a regular diversas funções no organismo.
- ALA (ácido alfa-linolênico): Encontrado em fontes vegetais como linhaça e soja, o ALA é um precursor dos outros ômegas 3. No entanto, a conversão de ALA em DHA no corpo humano é extremamente baixa, em torno de 0,5%. Em crianças, essa conversão é ainda mais difícil devido à imaturidade enzimática. Por essa razão, o consumo direto de fontes de DHA é considerado fundamental para garantir seus benefícios.
A JANELA DE OURO: QUANDO O ÔMEGA 3 É MAIS CRUCIAL?
Existem períodos em que a ingestão de DHA é ainda mais crítica para o desenvolvimento infantil. Esses momentos formam uma verdadeira “janela de oportunidade” para a saúde futura da criança.
- Na gestação: O bebê depende exclusivamente da mãe para receber DHA através da placenta. A maior parte da acumulação desse nutriente no cérebro fetal acontece no último trimestre da gravidez, uma fase de crescimento cerebral intenso.
- Na amamentação: Após o nascimento, o DHA continua a ser transferido para o bebê através do leite materno. A concentração de DHA no leite está diretamente ligada à dieta e à suplementação da mãe.
- Na primeira infância (até os 2 anos): Este é um período de maturação acelerada do sistema nervoso e da visão. O DHA continua sendo essencial para a formação de conexões neurais, Revisões sistemáticas de estudos clínicos, como a publicada no The Journal of Nutrition, indicam uma associação positiva entre níveis adequados de DHA e o desenvolvimento neurológico e a capacidade de atenção em crianças. (5)
QUAL A QUANTIDADE IDEAL DE DHA PARA CRIANÇAS?
Com base no consenso da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN), e as recomendações da Anvisa, a ingestão diária de DHA variam conforme a faixa etária (2)
| Faixa Etária / Grupo | Recomendação II Consenso ABRAN (DHA) | Limites / Autorização ANVISA (EPA + DHA) | Observações Importantes |
|---|---|---|---|
| 0 a 6 meses | Não há recomendação direta de suplementação (depende do leite materno ou fórmula enriquecida) | ❌ Não autorizado | ANVISA não permite uso de fonte de EPA/DHA nessa faixa etária. |
| 7 a 11 meses | 10 a 12 mg de DHA/kg/dia (faixa de 6 a 24 meses) | ❌ Não autorizado | ANVISA não autoriza uso em suplementos para essa faixa etária. |
| 1 a 3 anos | 10 a 12 mg de DHA/kg/dia | ❌ Não autorizado | Apenas a partir dos 4 anos há autorização para EPA + DHA. |
| 4 a 8 anos | 150 a 200 mg de DHA/dia | ✅ EPA + DHA: mínimo 30 mg / máximo 200 mg | ANVISA considera a soma EPA + DHA, enquanto ABRAN foca especificamente em DHA. |
| 9 a 18 anos | Sem valor fixo (ABRAN indica adequação via dieta rica em peixes e fontes marinhas) | ✅ EPA + DHA: mínimo 37,5 mg / máximo 250 mg | A recomendação da ABRAN pode ser superior, dependendo do contexto nutricional. |
| Gestantes | 200 mg de DHA/dia | ✅ EPA + DHA: mínimo 45 mg / máximo 2.000 mg ➡ Pelo menos 30 mg devem ser DHA | ANVISA exige proporção mínima de DHA dentro do total EPA + DHA. |
| Lactantes | 200 mg de DHA/dia | ✅ EPA + DHA: mínimo 45 mg / máximo 2.000 mg ➡ Pelo menos 30 mg devem ser DHA | Ambas enfatizam o papel do DHA no leite materno e no desenvolvimento cerebral do bebê. |
| Adultos (≥ 19 anos) | Sem recomendação específica de DHA isolado (ABRAN prioriza dieta) | ✅ EPA + DHA: mínimo 37,5 mg / máximo 2.000 mg | ANVISA define apenas o intervalo permitido em suplementos. |
É importante ressaltar que é essencial a avaliação médica e nutricional para uma prescrição individualizada, garantindo que as necessidades específicas de cada criança sejam atendidas.
FONTES DE ÔMEGA 3: É POSSÍVEL OBTER O SUFICIENTE APENAS COM A DIETA?
Garantir a ingestão adequada de ômega 3, especialmente DHA, pode ser um desafio, principalmente no Brasil.
- Fontes Alimentares: As principais fontes diretas de DHA são peixes de águas frias e profundas, como sardinha, salmão e atum, além de algas marinhas.
- O Cenário no Brasil: Atingir as recomendações apenas com a dieta pode ser difícil por alguns motivos. Primeiro, o consumo de peixe pela população brasileira é considerado baixo, com uma média de 9 kg por habitante ao ano, enquanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda 12 kg. Além disso, o salmão consumido em nosso país, por ser de viveiro, depende do consumo de ração fortificada para ter um bom teor de DHA.
Este cenário, somado à baixíssima capacidade do corpo de converter fontes vegetais (ALA) em DHA, torna a suplementação uma estratégia nutricional de grande relevância no contexto brasileiro.
ALÉM DA INTELIGÊNCIA: OUTROS BENEFÍCIOS SURPREENDENTES DO ÔMEGA 3
Além de seu papel fundamental no cérebro e na visão, estudos indicam que o ômega 3 pode oferecer outros benefícios importantes para a saúde infantil.
- Fortalecimento da Imunidade: Graças às suas propriedades anti-inflamatórias, o ômega 3 pode ajudar a modular o sistema imunológico, influenciando as defesas do organismo.
- Saúde Visual: A capacidade de enxergar detalhes com clareza e nitidez, conhecida como acuidade visual, está diretamente ligada à presença de DHA na retina, um componente vital para seu funcionamento.
- Atenção e Comportamento: Pesquisas investigam o papel do ômega 3 em crianças com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). Estudos sugerem que a suplementação pode ajudar a melhorar a atenção e reduzir a hiperatividade, sendo particularmente benéfica para crianças com baixos níveis endógenos de EPA. É importante notar que a suplementação é vista como uma terapia complementar e de suporte, e não como um substituto para as abordagens terapêuticas convencionais. (3)

SUPLEMENTAÇÃO INFANTIL: COMO TORNÁ-LA UM MOMENTO LEVE E SABOROSO?
Muitos pais sabem como pode ser difícil oferecer um suplemento para uma criança. O sabor forte de peixe ou o formato de cápsulas difíceis de engolir podem transformar o momento do cuidado em um desafio diário.
Nós da Bigens acreditamos que cuidar da saúde das crianças deve ser um gesto simples, leve e cheio de afeto. Foi pensando nisso que desenvolvemos o Ômega 3 Peixinho, uma solução que une saúde e sabor para facilitar a rotina das famílias.
Ele foi criado especialmente para o paladar infantil, com características que o tornam único:
- Cápsulas mastigáveis: São fáceis e divertidas de consumir.
- Sabor agradável: Uma combinação suave de laranja com cranberry, sem o gosto residual de peixe.
- Fórmula limpa: É livre de açúcar e glúten, adoçado com stévia e utiliza corante natural de betacaroteno.
- Dosagem ideal: A porção de 2 cápsulas fornece 120 mg de EPA e 80 mg de DHA, totalizando 217 mg de ácidos graxos ômega 3 (incluindo EPA, DHA e outras formas), ideal para crianças a partir de 4 anos.
CONCLUSÃO: UM INVESTIMENTO PARA A VIDA TODA
A nutrição durante a “janela de ouro” da infância não é apenas um cuidado diário, é um investimento no potencial de uma vida inteira. O ômega 3, e em especial o DHA, é um alicerce para a arquitetura do cérebro e da visão. No contexto brasileiro, onde o consumo de peixe é baixo e a conversão de fontes vegetais é ineficiente, garantir esse nutriente apenas pela dieta é um desafio real. Por isso, a suplementação consciente e de alta qualidade não é apenas uma opção, mas uma aliada poderosa para os pais. Ao assegurar níveis ótimos de DHA, você está ativamente construindo as bases para o futuro cognitivo, visual e imunológico do seu filho, um legado de saúde que o acompanhará para sempre. Antes de iniciar qualquer suplementação, consulte um profissional de saúde ou nutricionista. Somente ele poderá avaliar as necessidades individuais e indicar a dosagem adequada de forma segura e personalizada.
REFERÊNCIAS
- INNIS, S. M. Dietary (n-3) FattyAcidsandBrainDevelopment. The Journal of Nutrition, v. 137, n. 4, p. 855-859, 2007.
- NOGUEIRA-DE-ALMEIDA, C. A. et al. II Consensus of the Brazilian Nutrology Association on DHA recommendations during pregnancy, lactation and childhood. International Journal of Nutrology, v. 15, n. 3, 2022.
- CHANG, J. P-C.; SU, K-P. Nutritional Neuroscience as Mainstream of Psychiatry: The Evidence-Based Treatment Guidelines for Using Omega-3 Fatty Acids as a New Treatment for Psychiatric Disorders in Children and Adolescents. Clinical Psychopharmacology and Neuroscience, v. 18, n. 4, p. 469-483, 2020.
- VAN DER WURFF, I. S. M.; MEYER, B. J.; DE GROOT, R. H. M. Effect of Omega-3 Long Chain Polyunsaturated Fatty Acids (n-3 LCPUFA) Supplementation on Cognition in Children and Adolescents: A Systematic Literature Review with a Focus on n-3 LCPUFA Blood Values and Dose of DHA and EPA. Nutrients, v. 12, n. 10, p. 3115, 2020.
- NEVINS, J. E. H. et al. Omega-3 Fatty Acid Dietary Supplements Consumed During Pregnancy and Lactation and Child Neurodevelopment: A Systematic Review. The Journal of Nutrition, v. 151, n. 11, p. 3483–3494, 2021.
