- O que é a CoQ10 e por que ela é tão importante?
- Como a CoQ10 age no cérebro?
- O que dizem os estudos sobre a CoQ10 e a saúde cognitiva?
- A suplementação com CoQ10 realmente funciona?
- Existe alguma contraindicação?
Você já passou por momentos de lentidão mental, esquecimentos repentinos ou aquela sensação de “cérebro cansado”? Esses sintomas, que afetam muitas pessoas no dia a dia, podem estar ligados a desequilíbrios energéticos e processos oxidativos que ocorrem nas células cerebrais. Em meio às diversas substâncias investigadas para melhorar a saúde do cérebro, uma das mais promissoras é a coenzima Q10 (ou CoQ10).
Esse nutriente é essencial para o bom funcionamento do corpo humano, mas seu papel no cérebro tem chamado cada vez mais a atenção da ciência. A seguir, explicamos como a CoQ10 atua no sistema nervoso, o que dizem os estudos mais relevantes e como sua suplementação pode ser útil em certos contextos.
O QUE É A COQ10 E POR QUE ELA É TÃO IMPORTANTE?
A Coenzima Q10 é uma substância produzida naturalmente pelo nosso organismo e está presente em praticamente todas as células. Seu papel é essencial, já que participa de processos fundamentais para a vida. Uma de suas funções mais importantes é atuar na geração de energia dentro das mitocôndrias, estruturas conhecidas como as “usinas de energia” celulares. É nelas que ocorre a produção de ATP (adenosina trifosfato), a principal molécula responsável por fornecer o “combustível” necessário para que as células desempenhem suas funções.
No cérebro, essa produção energética se torna ainda mais crítica. Isso porque ele é um dos órgãos que mais consome energia em todo o corpo, mesmo em repouso, sendo altamente dependente do bom funcionamento das mitocôndrias para manter processos como memória, raciocínio e concentração.
Além do seu papel energético, a CoQ10 também é reconhecida como um poderoso antioxidante. Isso significa que ela ajuda a neutralizar os radicais livres, moléculas instáveis que podem causar danos às estruturas celulares, acelerando processos de envelhecimento e contribuindo para o desenvolvimento de diversas condições de saúde. Esse efeito protetor é particularmente importante em órgãos de alta demanda energética, como o coração e o cérebro, que são mais suscetíveis ao estresse oxidativo.
Com o passar dos anos, a produção natural de CoQ10 tende a diminuir, o que pode impactar tanto a vitalidade quanto a proteção antioxidante do organismo. Além disso, alguns fatores externos, como estresse, má alimentação e uso de certos medicamentos, também podem reduzir seus níveis no corpo. Por isso, a CoQ10 é frequentemente estudada como um recurso importante para apoiar a saúde celular, a função cerebral e o bem-estar geral.
COMO A COQ10 AGE NO CÉREBRO?
(3) No sistema nervoso, a Coenzima Q10 exerce uma atuação dupla que a torna especialmente importante para a saúde cerebral. De um lado, ela age diretamente sobre as mitocôndrias, melhorando seu desempenho e favorecendo a produção de ATP (adenosina trifosfato), que é a principal fonte de energia utilizada pelas células. Esse processo é fundamental para o funcionamento dos neurônios, já que o cérebro está entre os órgãos que mais consomem energia no corpo humano.
Do outro lado, a CoQ10 atua como um poderoso antioxidante, ajudando a proteger os neurônios contra os efeitos do estresse oxidativo. Esse fenômeno ocorre quando há excesso de radicais livres no organismo, o que pode danificar estruturas celulares e acelerar processos de degeneração. No caso do cérebro, isso é particularmente crítico, já que o estresse oxidativo está intimamente associado a quadros de envelhecimento precoce do tecido neural e ao desenvolvimento de diversas doenças neurodegenerativas.
Essa combinação de funções, suporte energético e proteção antioxidante, faz com que a CoQ10 seja considerada um elemento-chave na prevenção de doenças relacionadas ao envelhecimento cerebral, como Alzheimer, Parkinson e outras síndromes neurodegenerativas. Pesquisas científicas apontam que níveis adequados dessa coenzima podem ajudar a preservar a memória, melhorar a concentração e até mesmo contribuir para desacelerar o declínio cognitivo natural da idade.
Além disso, por manter o equilíbrio entre energia e proteção celular, a CoQ10 também favorece um ambiente mais saudável para a comunicação entre os neurônios, algo essencial para funções como aprendizado, foco e clareza mental no dia a dia.

O QUE DIZEM OS ESTUDOS SOBRE A COQ10 E A SAÚDE COGNITIVA?
(5) Uma pesquisa publicada na revista The Journals of Gerontology mostrou que idosos com baixos níveis plasmáticos de CoQ10 apresentaram desempenho significativamente inferior em testes de memória e raciocínio. Isso sugere que a deficiência desse composto pode estar ligada ao envelhecimento cognitivo acelerado.
(6) Outro estudo, feito com pacientes com Alzheimer leve a moderado, investigou o uso combinado de CoQ10 e selênio, e observou melhoras na memória de trabalho e na função executiva, embora os autores ressaltem que mais pesquisas são necessárias para confirmar esse efeito.
Em relação à doença de Parkinson, a CoQ10 também se mostra promissora. (7) Em um estudo clínico com pacientes em estágio inicial, doses elevadas da substância foram capazes de retardar a progressão dos sintomas motores.
A SUPLEMENTAÇÃO COM COQ10 REALMENTE FUNCIONA?
Embora o corpo produza CoQ10 naturalmente, essa produção tende a diminuir com a idade, e também pode ser prejudicada por fatores como estresse crônico, uso de certos medicamentos (como estatinas) e doenças crônicas. Nesses casos, a suplementação pode ser uma aliada importante.
(9) Há evidências de que a suplementação de CoQ10 é segura, bem tolerada e pode ajudar a restaurar níveis adequados da substância no organismo.
EXISTE ALGUMA CONTRAINDICAÇÃO?
Em geral, a CoQ10 é considerada segura, mesmo em doses elevadas (até 1200 mg por dia em estudos clínicos). Porém, como qualquer suplemento, ela deve ser usada com orientação profissional. Pessoas que usam medicamentos anticoagulantes, por exemplo, devem ter cautela, pois a CoQ10 pode interferir na ação dessas drogas.
A ciência ainda está investigando todas as possibilidades da CoQ10 no campo da neurologia, mas os estudos atuais mostram que ela pode sim ser uma aliada importante da saúde cerebral, especialmente na prevenção do declínio cognitivo e em contextos de doenças neurodegenerativas. Além disso, por atuar na produção de energia celular, também pode ajudar pessoas que sofrem de fadiga mental, baixa concentração e estresse.
Se você sente que sua mente anda sobrecarregada ou se preocupa com sua saúde cognitiva no longo prazo, vale conversar com um profissional de saúde sobre a possibilidade de incluir a CoQ10 na sua rotina.
REFERÊNCIAS
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