CORTOU O AÇÚCAR MAS AINDA NÃO TEM RESULTADO? CONHEÇA OS INIMIGOS OCULTOS DA GLICOSE
Quando se fala em glicose alta, a primeira coisa que vem à mente da maioria das pessoas é o consumo excessivo de açúcar. Embora esse seja, de fato, um fator importante, reduzir a glicemia a uma simples questão de ingestão de doces é um erro que pode custar caro à saúde. Existem diversos outros fatores que influenciam os níveis de glicose no sangue — e muitos deles passam despercebidos no dia a dia. O entendimento desses “inimigos ocultos” é fundamental não só para quem tem diabetes, mas para qualquer pessoa que queira prevenir distúrbios metabólicos e preservar a saúde a longo prazo.
QUAIS SÃO ESSES “INIMIGOS”?
1. Estresse crônico: situações constantes de tensão física ou emocional estimulam a liberação de hormônios como o cortisol e a adrenalina, que, por sua vez, aumentam a produção de glicose pelo fígado. Esses hormônios são parte do mecanismo natural de sobrevivência do corpo, que nos prepara para reagir a perigos, mas quando liberados em excesso, sem pausa para recuperação, geram um desequilíbrio hormonal capaz de provocar resistência à insulina — situação em que as células passam a não responder bem à insulina, acumulando mais glicose na corrente sanguínea. (1) A ciência já demonstrou essa correlação: um estudo publicado pela American Diabetes Association mostra que altos níveis de estresse psicológico contribuem para descompensações glicêmicas tanto em pessoas com diabetes quanto em não diabéticos.
2. Uso prolongado de medicamentos: usos contínuos de certos medicamentos, como corticosteróides, alguns antidepressivos, diuréticos tiazídicos e medicamentos para resfriado que contenham pseudoefedrina. Esses compostos podem interferir na regulação da glicose, seja aumentando sua liberação hepática ou dificultando sua captação pelos tecidos. É por isso que, ao iniciar o uso de qualquer fármaco, é essencial que o paciente — especialmente se tiver histórico de diabetes ou pré-diabetes — converse com o profissional de saúde sobre os possíveis efeitos metabólicos. (2) De acordo com o portal Viva Bem/UOL, essa influência medicamentosa é muitas vezes negligenciada, mesmo sendo clinicamente significativa.
3. Falta de atividade física: também desempenha um papel crucial na elevação da glicose. Quando o corpo está em movimento, especialmente durante atividades aeróbicas ou de resistência, os músculos utilizam a glicose como fonte de energia, o que naturalmente reduz os níveis circulantes no sangue. A inatividade, por outro lado, reduz essa demanda e ainda piora a sensibilidade à insulina. (3) Pesquisas evidenciam que o sedentarismo prolongado está diretamente associado ao aumento do risco de desenvolver diabetes tipo 2, mesmo em pessoas com alimentação controlada. Ou seja, a ausência de movimento pode ser tão danosa quanto uma dieta desregrada.
4. Alimentação desbalanceada: alimentos ricos em carboidratos simples — como pão branco, arroz polido, bolos, massas e refrigerantes — têm um alto índice glicêmico e provocam picos rápidos de glicose, seguidos de quedas que levam a mais fome e novos picos. Mas há ainda outro vilão: a gordura saturada. Embora não cause aumento imediato da glicose, seu consumo crônico favorece a inflamação do tecido adiposo e a resistência à insulina. O mesmo vale para o álcool: seu consumo excessivo e frequente pode causar tanto hiperglicemia quanto hipoglicemia, dependendo da quantidade ingerida e do estado nutricional da pessoa. (1) Como alertado em materiais da American Diabetes Association, entender o impacto dos diversos grupos alimentares sobre o metabolismo é vital para controlar a glicose no sangue mesmo entre pessoas não diabéticas.
Portanto, é essencial olhar para a saúde metabólica de forma ampla. O açúcar é apenas uma parte da equação. Glicemia alta também pode ser resultado de estresse mal gerido, uso de medicamentos, sedentarismo, noites mal dormidas e má alimentação. A boa notícia é que muitos desses fatores são modificáveis. Adotar um estilo de vida mais ativo, manejar o estresse com práticas como meditação ou psicoterapia, ajustar a alimentação com foco em alimentos integrais e reduzir o consumo de ultraprocessados já representa um passo importante para quem deseja manter a glicose sob controle — e, com ela, uma vida mais longa e saudável.
REFERÊNCIAS
- AMERICAN DIABETES ASSOCIATION. Factors That Affect Blood Glucose. Professional Diabetes, 2024. Disponível em: https://professional.diabetes.org/sites/dpro/files/2024-03/15_advisor_factors-blood-glucose_PT.pdf.
- UOL VIVA BEM. 4 fatores que aumentam glicose no sangue, além do que você consome. São Paulo: UOL, 2024. Disponível em: https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2024/08/12/4-motivos-que-aumentam-glicose-no-sangue-alem-do-que-voce-consome.htm.
- TERRA. Glicose alta: 5 motivos comuns, além do que você come. São Paulo: Terra, 2024. Disponível em: https://www.terra.com.br/vida-e-estilo/saude/glicose-alta-5-motivos-comuns-alem-do-que-voce-come%2Cb3db9617470d85ddb5e31360fbba271fmlia5p8r.html.