- O que acontece com o açúcar em nosso corpo?
- O que é a glicação?
- Como isso interfere no colágeno?
- É possível comer açúcar sem prejudicar a pele?
- Como prevenir e reverter os danos do açúcar na pele?
CONSUMO DE AÇÚCAR EM EXCESSO ACELERA O ENVELHECIMENTO DA PELE, APONTAM ESTUDOS
A busca por uma pele jovem e saudável vai muito além dos cremes e procedimentos estéticos. O que você coloca no prato tem impacto direto na aparência da sua pele — e um dos principais vilões desse cenário é o açúcar em excesso. Neste artigo, vamos explicar como o consumo exagerado de açúcar acelera o envelhecimento cutâneo, o que é o processo de glicação, como isso afeta o colágeno e o que você pode fazer para proteger sua pele.
O QUE ACONTECE COM O AÇÚCAR NO NOSSO CORPO?
Quando consumimos açúcar — especialmente o açúcar refinado e os carboidratos simples — ele é rapidamente absorvido pela corrente sanguínea, elevando os níveis de glicose. Se essa glicose não for utilizada imediatamente como fonte de energia, ela começa a se ligar a proteínas e lipídios do corpo em um processo conhecido como glicação.
O QUE É A GLICAÇÃO?
(1) A glicação é uma reação química onde a glicose e a frutose se ligam a proteínas como o colágeno e a elastina, formando estruturas instáveis chamadas produtos finais da glicação avançada (AGEs – Advanced Glycation End-products).
Esses AGEs agem como uma crosta rígida: tornam as fibras de colágeno endurecidas, quebradiças e menos funcionais. Isso compromete a firmeza, a elasticidade e a capacidade de regeneração da pele, facilitando o aparecimento de rugas profundas, flacidez e ressecamento. É como se ocorresse uma “caramelização interna” da pele.
(2) Além disso, os AGEs estimulam a produção de radicais livres, promovendo estresse oxidativo, outro fator diretamente ligado ao envelhecimento precoce.
COMO ISSO INTERFERE NO COLÁGENO?
O colágeno é uma das proteínas mais abundantes do corpo humano e é responsável por manter a pele firme, elástica e hidratada. Com o avanço da idade, sua produção naturalmente diminui. No entanto, o excesso de açúcar acelera esse processo de deterioração:
- Inibe a produção de novo colágeno (neocolagênese);
- Aumenta a rigidez e degradação das fibras já existentes;
- Cria um ambiente inflamatório crônico na pele, prejudicando a renovação celular.
É POSSÍVEL COMER AÇÚCAR SEM PREJUDICAR A PELE?
Sim, é possível consumir açúcar de forma moderada e ainda cuidar da saúde da pele. (3) A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que o consumo de açúcares adicionados (como os de doces, refrigerantes e alimentos industrializados) não ultrapasse 5 a 10% das calorias diárias totais.
Na prática, isso significa algo em torno de:
- 25g (6 colheres de chá) por dia para mulheres
- 35g (9 colheres de chá) por dia para homens
Importante: este limite não se aplica ao açúcar naturalmente presente em frutas, legumes e verduras, que vem acompanhado de fibras, vitaminas e antioxidantes.
COMO PREVENIR E REVERTER OS DANOS DO AÇÚCAR NA PELE?
Para proteger sua pele do envelhecimento precoce provocado pelo açúcar, é fundamental adotar uma abordagem multifatorial:
1. Reduza o consumo de açúcares simples
Evite alimentos ultraprocessados, refrigerantes, bolos e doces industrializados. Prefira fontes naturais de carboidratos, como frutas e grãos integrais.
2. Inclua alimentos antioxidantes na dieta
Frutas vermelhas, vegetais verdes escuros, castanhas e sementes ajudam a neutralizar os radicais livres causados pelos AGEs.
3. Pratique exercícios físicos regularmente
A atividade física ajuda a controlar a glicemia, reduz a inflamação e estimula a circulação sanguínea, contribuindo para uma pele mais saudável.
4. Invista em cuidados dermatológicos apropriados
(5) Substâncias como carnosina, alistin e ácido ferúlico têm ação antiglicante e antioxidante, podendo ser aplicadas na pele sob orientação médica.
O açúcar, quando consumido em excesso, vai muito além do risco de doenças metabólicas — ele impacta diretamente a sua estética, especialmente a saúde da pele. A glicação é um processo silencioso, mas com efeitos visíveis e cumulativos. Portanto, reduzir o açúcar, cuidar da alimentação e adotar hábitos saudáveis são atitudes eficazes para preservar o colágeno, manter a pele jovem por mais tempo e envelhecer com mais qualidade.
REFERÊNCIAS
- GALLI, Vivian et al. “Produtos Finais de Glicação Avançada e sua Atuação sobre a Pele.” Universidade Tuiuti do Paraná, 2021. Disponível em: https://seer.utp.br/index.php/GR1/article/download/2630/2143.
- URBANO, Márcia Ribeiro. “Glicação, Estresse Oxidativo e Envelhecimento.” Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, 2020. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbgg/a/tYzW8XKJFvn5GTb638YY68R.
- WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). “Guideline: Sugars intake for adults and children.” 2015. Disponível em: https://www.who.int/publications/i/item/9789241549028
- GIUSTI, Mônica M.; WROLSTAD, Ronald E. “Acidity and antioxidant activity of anthocyanins.” Journal of Food Science, 2003.
- FERREIRA, Mônica A. “Cosmecêuticos antiglicantes: prevenção e reversão do envelhecimento cutâneo.” Cosmetic & Toiletries Brasil, 2019.